Alguns empreendedores sonharam por muito tempo em ter seu próprio negócio. Outros foram encaminhados para o universo do empreendedorismo naturalmente e, este é o caso de Renata Balestrini.
Aos 8 anos de idade, morando em São Paulo, ela se apaixonou pelo Kung Fu, em seu primeiro contato visual com esta arte marcial. Aos 14 anos, pegou a faixa preta na academia que treinava. E logo mais conquistou uma nova faixa preta, porém, desta vez, pela Federação com o grão Mestre Li Hon Ki - e desde então, se tornou discípula do Mestre.
Ao concluir o colégio, com 16 anos, foi morar na cidade de Londrina (PR) sozinha para estudar Geografia na UEL (Universidade Estadual de Londrina) e lá se viu longe de todos seus companheiros de treino. E com o objetivo de encontrar pessoas para treinar, Renata resolveu ensinar a arte.
"Comecei a ensinar porque pensei Kung Fu faz muito bem para mim, com certeza fará muito bem para outras pessoas também. Treinar Kung Fu sempre foi minha paixão e mesmo se eu não conseguisse alunos, seria feliz em poder treinar", conta Renata Balestrini, que na ocasião se dedicava aos estudos de geografia pela manhã, à arte marcial no período da tarde e, para complementar a renda, fazia bicos durante a noite. "Trabalhei fazendo bicos em bares, fazia estágio remunerado, dei aulas particulares de reforço em geografia para algumas crianças, porém desde que a Punhos Unidos nasceu foi minha maior fonte de renda", comenta.
Inicialmente as aulas eram dadas em uma praça da cidade, mas a procura foi grande e logo ela teve que procurar uma sala. "Como eu ainda era menor de idade não podia ser a locatária, mas meu irmão fez todo esse tramite", lembra ela, "a verdade é que eu não sabia muito bem o que estava fazendo, mas segui sempre em frente". Eram 50m2 livres para ela fazer o que bem quisesse.
Em 2001, a escola de Kung Fu Punhos Unidos nascia oficialmente na cidade de Londrina. O bairro, Centro, era bem movimentado e logo no primeiro dia que a escola abriu as portas já tinham 25 alunos. "Desde o início, tudo o que fiz e procuro fazer é pensando em trazer aperfeiçoamento para meu Kung Fu pessoal e de meus alunos", diz Renata.
Essa foi a trajetória da jovem empreendedora para entrar no mundo dos negócios, mas este era apenas o início. A partir deste momento, era preciso saber o que fazer, como realizar cobranças, controle de mensalidades, pagamentos, enfim, como administrar o negócio. A função de Renata até aquele momento era dar aulas, mas chegava o momento que ela deveria ir além das aulas.
A garra de uma jovem iniciando a vida profissional pode ser enorme e de grande valia, mas para que um negócio dê certo é preciso mais que isso. E qual é a experiência que uma adolescente tem aos 16 anos?
"Eu sempre amei Kung Fu, por isso resolvi fazer disso meu trabalho! A partir daí meu pensamento era 100% focado em fazer minha escola crescer. Busquei conhecimento de diversas formas, fiz cursos, conversei com pessoas que tinham academias, meu irmão me ensinou muita coisa também, tive ajuda dos meus alunos formados em administração, observei outras escolas, enfim, procurei me aperfeiçoar e faço isso até hoje", conta Renata.
Todo o preparo que a empreendedora buscou foi primordial para enfrentar as dificuldades que viriam pouco a pouco. O preconceito foi uma das maiores, afinal não é super comum ver mulheres nas artes marciais, principalmente, vinte anos atrás. Depois de algumas dezenas de lutas ela conseguiu mostrar sua capacidade. Além disso, a parte financeira também trouxe muitos desafios a empreendedora "Lembro que um dia falei para meus alunos, 'não tenho como pagar o aluguel da escola, vou ter que passar mais tempo trabalhando no bar, então vou ter que tirar alguns horários das aulas de vocês' e eles me disseram 'nós pagamos mais para você ficar mais tempo aqui' ", conta a empreendedora. É importante ressaltar, que além dos alunos, a família Balestrini deu inicialmente muito apoio psicológico e financeiro a Renata.
Mesmo diante de todo apoio que teve, por algumas vezes a ideia de desistência se fez presente nos pensamentos dela. "É totalmente admissível que você se questione quando você se torna um empreendedor. Eu pensei algumas vezes, ah, mas se não der certo? e a resposta que eu ouvia de mim mesma era, tudo bem! Meu Kung Fu eu já tenho!! Vou Sempre treinar". É preciso controlar esses pensamentos na hora em que aparecem como pedras e literalmente transformá-los em degraus e energia produtiva. "Planto sementes com o melhor de mim e deixo o resto seguir o fluxo natural", comenta ela.
Hoje são 8 escolas, duas pertencem a fundadora e outras 6 franquias, distribuídas em diferentes lugares: Londrina (PR), Palotina (PR), São Paulo (SP), Votuporanga (SP), Fortaleza(CE) e Japão. No total são cerca de 900 alunos que treinam seguindo a base das escolas chinesas tradicionais aplicada pela escola Punhos Unidos, que proporcionam um ambiente familiar, limite de alunos por turma, interação discípulos/Mesum.
O caminho não é uma linha reta. Há curvas, subidas, descidas, entre outros percalços, mas é isso que deixa a coisa toda mais divertida. E foi este caminho que fez da Punhos Unidos uma história de sucesso.
Dicas de Renata Balestrini para novos empreendedores
- Qualquer coisa que for fazer faça da melhor maneira possível. Mesmo se não gostar da atividade que está desempenhando. Não importa. Dê o seu melhor, empregue sua melhor energia nisso. Tenha certeza que essa energia voltará para você.
- Torça verdadeiramente pelo sucesso das outras pessoas, mesmo se o seu ainda não chegou. Observe o sucesso alheio e absorva o que puder - essa energia também volta para você. Foque sua atenção no seu negócio, mas observe e torça pelo sucesso alheio.
- Procure ver o que você já conquistou. Nossa mente transita o tempo todo entre passado e futuro , o que pode nos fazer esquecer de olhar para o presente. É importante nos atentar ao que já conquistamos, pois isso nos dá combustível para continuar.
- Tudo que fizer, faça com amor. O universo retribuirá todo amor que você compartilhou!
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