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Alma de artista e atitude de empreendedor!

Totonho e Flávio Freitas seguiram o que o coração e os desejos de almas artistas. Voltar ao Início

O Brasil é um país de grandes artistas plásticos e só percebemos quando nos debruçamos sobre este mundo. Grandes nomes que fizeram história, Aleijadinho, Tarsila do Amaral, Pedro Américo, entre tantos outros. Além desses, outros nomes da atualidade farão a historia deste momento que vivemos. Ueepa! conversou com dois artistas e mesmo com historias de vida e obras distintas é perceptível que ambos são artistas de corpo e alma. A essência de um artista é sentida nas respostas, na forma como usam as palavras e como embrulham cada “pensar”.

Totonho e Flávio Freitas seguiram o que o coração e os desejos de almas artistas. Tiveram dificuldades, mas não desistiram. Lutaram para fazer o que os fazia feliz. Venceram! Mais uma história que nos mostra que não importa os obstáculos, quando há um querer real!

Como começou sua história com as artes plásticas?

Totonho: Aos três anos comecei riscar as paredes com carvão. Levava muitos puxões de orelha dos meus pais. Mas eles perceberam logo que naqueles riscos tinham desenhos, conteúdo. Exemplo, meu pai era maquinista de trem e eu desenhava o trem e ele dirigindo. Então, aquilo passou a ser motivo de orgulho dos meus pais. Meu pai convidava os amigos para ver os meus desenhos e logo tive o privilegio de ganhar uma parede para desenhar. E assim nasceu o primeiro contato com a arte.

E a sua Flávio?

FF: Nasci numa família em que minha bisavó, minha avó e duas tias eram pintoras amadoras. Na minha infância e adolescência a arte da pintura me foi apresentada como uma atividade de grande destaque e importância.

Em qual momento você decidiu que era isso que você queria profissionalmente? Você teve apoio daqueles que te cercavam?

Totonho: Na verdade eu não decidi nada. O destino decidiu por mim. Fui escolhido para carregar essa sacola, cheia de cartas as quais eu tenho que entregar pelo mundo a fora. E sei que não posso violar nenhuma correspondência. É muito responsabilidade, mas sou grato a Deus por tudo. Como já disse antes, tive muito apoio dos meus pais e do meu irmão mais velho. A vida me deu asas e eles me permitiram voar.

Flávio, você chegou a se dedicar a outro curso, certo?

FF: Em 1982 durante cursos de artes visuais no Massachussets College of Art, em Boston – EUA. Não abandonei meu curso de arquitetura e me formei arquiteto em 1986, uma garantia e alternativa que poderia servir para meu sustento e com isto minha família ficou tranquila.

Totonho, em algum momento você pensou em desistir?

Totonho: Nunca pensei em desistir. A arte para mim é mãe, é filho, é família, é alma, é religião, é o pão e o gozo de cada dia.

Foi diferente com você, Flávio?

FF: Em vários momentos precisei trabalhar como arquiteto e empresário de loja de lembranças para turistas. Pensei algumas vezes em desistir da dependência do comércio de arte. Mas nunca considerei não fazer arte já que é uma atividade intrínseca a minha saúde e existência na terra.

Qual é sua formação? Analisando os cursos que você fez, quais foram os mais importantes para sua carreira?

Totonho: Formação didática nenhuma. O curso que tirei mais proveito foi lidar com pessoas e culturas diversas. Então, aprendi que o pescador não é diferente do presidente. E acredito que vendo o mundo dessa maneira é fundamental para o meu crescimento como ser humano e como artista.

Dos cursos que você fez, quais foram mais importantes para sua carreira?

FF: Dois maiores pesos Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na UFRN e Massachussets College of Art em Boston.

Você cria todos os dias? Quanto tempo você leva em média para criar uma obra?

Totonho: Crio todos os dias. O processo criativo é uma engrenagem e não para nunca. Uma obra eu crio em poucos segundos, mesmo que leve um ano para materializá-la.

É preciso esperar a inspiração para criar? Você já ficou grandes períodos sem criar?

FF: Não. Inspiração é o explodir de um esforço, canalização de energia, luta insistente, entrega sincera e corajosa. É importante mas não é obrigatória. Nunca fiquei grandes períodos sem criar principalmente depois de assumir arte como profissão e única fonte de renda, em 1998.

Entre suas obras, qual é aquela que chama mais a atenção do público e qual é a que você mais gosta?

Totonho: A pintura de maior impacto é "O futuro tem futuro?". E um quadro que fiz para uma exposição nos Estados Unidos em 2009. Eu gosto muito e tive sorte, as pessoas também gostam, apesar de ser nada convencional.

E você Flávio, qual você gosta mais? E o público?

FF: É o painel da aviação que foi recentemente e criminosamente demolido pela prefeitura de Parnamirim-RN. O maior painel de azulejo pintado a mão no RN. 9 meses de pintura. 42,00 metros de comprimento por 2,50m de altura.Com dez momentos da história da aviação incluindo o Brasil e o Rio Grande do Norte. Concluído em abril de 2008.

Como você enxerga as oportunidades para artistas plásticos no Brasil?

Totonho: Oportunidades são tantas para uns, enquanto outros são ignorados. Ainda bem que o mundo não é só Brasil. Como já dizia Tom Jobim: "A melhor saída é o aeroporto".

E você Flávio?

FF: Brasil ainda é um país de grandes oportunidades e tende a melhorar enquanto tivermos liberdade de imprensa e a predominância da democracia.

Totonho, você já teve atelier no Brasil? Por que, atualmente, seu atelier é em Portugal?

Totonho: Ainda tenho atelier no Brasil, em Salvador no centro histórico. Mas eu amo planeta terra e me identifico muito com Lisboa onde tenho um atelier aberto e com Haarlem na Holanda, onde tenho um atelier também. O Brasil é um país burocrático. Tenho muito dificuldade para sair com meu trabalho. Viver e pintar na Europa me da tranquilidade e paz, sentimento que não tenho no Brasil há muito tempo.

Vocês pensam em um dia parar? Ou enquanto viver irão criar?

Totonho: Parar? Quem sabe daqui a dois mil anos.

FF: Parar é morrer. Um dia terei que abraçar a irmã morte, mas peço a Deus que demore para que eu possa ser mais artista.

Olhando para trás, o que vocês fariam diferente profissionalmente falando?

Totonho: tentaria errar menos e produzir mais.

FF: Teria morado no Rio de Janeiro na década de 1980. Época da valorização da pintura e auge da Escola do Parque Lage. E teria ficado mais tempo em Nova Iorque em 1983.

http://totonho.com/pt-br/
http://www.flaviofreitas.com/#arte/79113

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